In memoriam...
Faleceu hoje o meu Renault 11 TSE 1.4, devido a doença prolongada. Nascido em 1986 e com três donos, o Renault encontrava-se ao serviço desta família desde o longínquo ano de 1992. Passou de geração em geração: de pai para filha, de filha para filho. Passou com distinção em todas as inspeções, até à última, no início deste mês. Chumbou rotundamente e a sua recuperação seria dolorosa e dispendiosa. A licença de 15 dias concedida pelo IPO do Autódromo do Estoril findou hoje. A família que o albergava e sustentava decidiu que seria melhor pôr fim ao seu sofrimento.O corpo do Renault repousa esta noite em câmara ardente na capela do Cunha. As exéquias fúnebres terão lugar amanhã, na mesma capela, onde o R11 será desmontado em peças e a sua carcaça seguirá para uma vala comum juntamente com outras viaturas.
O PSD e o PP já suspenderam a campanha eleitoral e o Primeiro-Ministro já propôs ao Presidente da República que se proclamem dois dias de luto nacional. O Presidente Sampaio achou exagerado e decretou dois dias de luto domiciliário, só para a minha residência.
Durante estes dois dias, o lençol da cama dos meus pais encontrar-se-à a meia-haste.
Por ter sevido esta família com sentido de dever, honra, lealdade e competência, ser-lhe-à atribuída, a título póstumo, a Grã-Cruz de Faca e Garfo da Ordem de S. Domingos de Rana.