quinta-feira, maio 18, 2006

Festival dos Pequeninos

Cresci a ver o Eurofestival da Canção. Claro que também crescia no tempo que mediava uma edição e outra, mas o Festival era o momento em que "dava o pulo". Lembro-me de ver pessoas decentes a cantar melodias de amor. Por vezes lá havia alguém que arriscava uma música mais movimentada e, por vezes, até se saía bem. Quem não se lembra do "J'aime j'aime la vie" de Sandra Kim? Ou de um bem português "Amor de água fresca", tocado pela one woman show que é também autora de outros grandes sucessos, como os hinos do CDS-PP: a Dina.

Mas o festival há muito que perdeu os seus valores. Esses valores eram transmitidos inconscientemente aos telespectadores e, sobretudo, às criancinhas que tão atentamente assistiam ao espectáculo. Eram valores de paz, sossego, correcção, adequação de comportamentos, união entre os povos, rivalidade salutar! Hoje em dia os valores que passam são de homossexualidade desenfreada, marketing agressivo (leia-se seios a transbordar dos decotes), trajes reduzidíssimos, promiscuidade, desilusão, palhaçada.

Portugal, que durante uns anos andou afastado destas lides, relançou este ano a grande esperança em conquistar um lugar entre os 20 e tal finalistas. Para isso, escolheu-se um grupo de moçitas, algumas com 15 anos ou menos, para ir lutar contra os Golias da música europeia! Cantores com provas dadas nos bares de karaoke das maiores capitais europeias, grupos conhecidos em todas as ruas das freguesias em que moram. Resultado: desilusão pura e dura!!

Ficaram desiludidas as Non Stop, ficaram desiludidas todas as pessoas que apostaram nelas, ficou desiludido o Eládio Clímaco (que gostava mais delas do que do conjunto arménio), ficou desiludido sobretudo um país. Quem é que vai agora juntar os farrapos psicológicos em que ficaram todas estas pessoas? Devemos esperar que seja o Governo e a prometida Retoma Económica a contrariar esta depressão colectiva? Ou que seja a Selecção Nacional de futebol? E não será isso mais uma fonte de pressão para os jogadores, de quem já se espera tanto?

Mas sinto mesmo pena de Eládio Clímaco, o pobre! Ele que também cresceu, televisivamente, com o mesmo Festival que agora vê cair na desgraça. Ele que agora se vê obrigado a comentar apenas as meias finais, porque os representantes portugueses não passam dali! Vejo Eládio a chorar como uma menina a quem desmembraram a boneca preferida, a um canto escuro de um estúdio vazio, de onde até a mulher da limpeza já saiu.

Mas mais preocupante ainda: o que é que a RTP vai transmitir na noite de Sábado, agora que não vai haver representantes portugueses no Festival da Canção? Irá mostrar imagens dos festivais da década de 80, cujos 23º lugares tanto nos orgulhavam? Ou irá emitir em directo a cerimónia, mesmo sem a participação da delegação nacional?

Uma solução para todos estes problemas, que surgiram da eliminação precoce da girls band portuguesa, poderia passar pelo recurso da decisão do júri para o Supremo Tribunal. Ou então fazer uma exposição ao Comité Olímpico Internacional, alegando a existência de substâncias proibidas na delegação turca! Exige-se o apuramento da verdade por detrás do complot levado a cabo por certas e determinadas entidades, cujas denominações não carece aqui revelar(*), para que as Non Stop não pudessem mostrar todo o seu real valor à Europa dos grandes!!

Confesso-me, também eu, tremenda-me desiludido! Principalmente porque, deste modo, nunca mais consolidamos a nossa posição no ranking da UEFA! Por este andar ainda perdemos o acesso directo à Liga dos Campeões do 2º classificado da Superliga!! Eu sempre achei que aquilo era de mandar pra lá um Tony Carreira ou um Marco Paulo!! Eles iam ver!!


(*) Ninguém me tira da ideia que a família da Vanessa, ex-Delirium e derrotada à justa pelas Non Stop na final nacional, está por detrás disto tudo!!