quinta-feira, outubro 27, 2005

Zapping sem cinto de segurança

Não sei se vos acontece também, mas... sinto que a minha segurança por vezes é posta em risco.

Imaginem isto:
estou na sala, a televisão está ligada, a minha irmã tem o telecomando na mão. É ela que tem o poder!! Eu ali não mando nada! Tudo o que posso fazer é sugerir! O meu conforto passa a depender da pessoa que tem o comando na mão!
E o problema começa quando ela resolve fazer um zapping! É que podia ser um zapping moderado (como eu costumo fazer): «Ora vamos aqui até ao canal 10, ver o que está a dar na SIC Comédia... não. Nada de jeito! Porcaria de televisão! Bem...vamos lá voltar pra trás a ver se entretanto mudou alguma coisa nestes 10 canais...»
É isto que eu costumo fazer! Não dói a ninguém, não desgasta os botões do comando, é pacífico!
Agora quando aquela miúda tem o aparelho mágico nas mãos...é mais assim: «Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Que merda! Não! Não! Não! Não! Também não!». E as imagens passam a uma velocidade estonteante! Alternando entre o preto que aparece entre os canais e umas imagens de pessoas/animais/carros/cantores/paisagens que não se tem tempo de perceber o que são! E eu, sentado passivamente no sofá, resta-me apenas esperar que ela pare! E bem posso tentar interromper: «Olha...», «Era o...», «Err...», «Pár...», «Deix...».
É irrelevante!! É como ir a conduzir ao lado do condutor e não poder fazer nada! Só ouvimos aquele barulho dos carros a ficar pra trás, quando vamos com a janela aberta: «Vttt! Vttt! Vttt! Vttt! Vttt! Vttt! Vttt! Vttt!». E só conseguimos sugerir: «Vai mais devagar, sff!! Que nem consigo ver direito as marcas dos carros!». E toda a nossa vida vai nas mãos daquela pessoa agarrada ao volante com os dentes cerrados e os olhos esbugalhados!
Voltando ao sofá: sugiro que os mesmos passem a vir equipados com cintos de segurança e airbags laterais! E talvez não fosse má ideia haver uma Brigada de Zapping da GNR, que velasse pelo cumprimento das regras!
Já os estou a ver a entrar na minha sala, com aquelas botas pretas de cano alto, a baterem a pala à minha irmã, tirar-lhe o comando das mãos e dizer: «Bom dia, minha senhora, fazia o favor de se levantar do sofá? Os seus documentos e os da televisão, por favor! A senhora ia um bocadinho depressa, hein? Sabe que esta televisão é limitada a 120 canais por hora e a senhora ia a mais de 200?»